Nesta edição comemorativa dos 142 anos de fundação da cidade, fomos buscar no livros Tanti anni dopo e Nevinho-Memórias de um sonhador, da escritora Marcia Marques Costa, as informações para relembrar acontecimentos que marcaram época e que se relacionam com a história de Urussanga.
Um deles é o pequeno sino que se encontra ao lado da porta da sacristia na igreja matriz de Urussanga.
Segundo o urussanguense Armando Bettiol, que participou da bênção inaugural da igreja Nossa Sra. da Conceição quando ainda menino, este sino foi um presente do monarca Dom Pedro II aos imigrantes italianos que colonizaram a cidade.
Naquela época, o pároco era o também italiano Pe. Luigi Marzano.
E, histórias que passam de geração a geração, dão conta de que este jovem padre piemontês, responsável pelo livro que conta a história dos primeiros passos de Urussanga, enfrentava uma séria crise econômica na paróquia.
Sem alternativas para quitar suas dívidas, certamente oriundas de benfeitorias para receber as freiras italianas que viriam para fundar a primeira escola, Marzano sugeriu durante uma missa que o sino doado por Dom Pedro II fosse vendido.
E, se hoje ele continua pendurado na matriz após um século, deve-se a coragem de uma viúva da família Speck . Numa época em que a mulher vivia um papel de submissão numa sociedade totalmente patriarcal, a Sra. Speck enfrentou o representante de Cristo na Benedetta, se levantou do banco na velha e pequena igreja e disse em italiano: “Vende, se tu tem coragem, cara de bode!”
Depois, em tom desafiador, olhou para os fiéis e amigos presentes na missa e perguntou: “ Eu vou dar três sacos de milho. E vocês vão dar o que?”
Diante dessa manifestação, a comunidade católica se uniu, ajudou o Padre Marzano a arrumar dinheiro para pagar o que devia e o sino do Dom Pedro continuou sendo usado pelos urussanguenses.
Poucas são as pessoas que sabem desses fatos e muitos são os que nem imaginam de onde tenha vindo o sininho da porta da sacristia.
Segundo Armando Bettiol, a verdade é que nunca houve interesse na divulgação porque havia o temor de que esta relíquia fosse furtada.
Um outro fato relacionado a este sino une personagens que viveram em tempos distintos mas que, por laços familiares e do próprio sino, fazem parte da história de Urussanga.
Trata-se do Coronel Joaquim Chavier Neves.
Este paranaense que fixou residência em São José/SC, foi quem recebeu Dom Pedro II em sua primeira visita a Santa Catarina, tendo recepcionado o monarca e sua esposa Teresa Cristina no trapiche em São José, em 29 de outubro de 1845, por ocasião da visita às fontes termais de Santo Amaro da Imperatriz.
Este Coronel que recebeu Dom Pedro era o tataravô de um padre que por mais de meio século foi pároco de Urussanga- Monsenhor Agenor Neves Marques.